2009-05-07

O velhote (IV)


Uma suave brisa que deixa o mar para atravessar infindáveis campos de feno, sem lhes tocar dá vida a esses campos. Era assim que ela caminhava para ele, era assim que ela atravessava aqueles mantos de robes, era dessa forma que uma vez mais ela conseguia deixar um rasto de vida por onde passava… e toda essa vida dirigia-se para ele (“atenção às palpitações”, pensava ele para sí).

– Demoraste muito! Diz ela a sorrir. – Só o instante que te perdi de vista! Responde ele também a sorrir enquanto pensa (“se tu soubesses… que nesse pequeno instante esbarrarei contra os peitos da robusta enfermeira, que te perdi para te encontrar logo de seguida, que por ti tinha conseguido ver uma vez mais como a vida me sorria, e que a contagem do número de vezes que me apaixonei novamente tinha aumentado em duas”), mas não valia a pena estar a dizer-lhe aquelas banalidades. Sim banalidades, pois o caminho de regresso a ela, nunca tinha sido uma questão de ser difícil ou fácil, longo ou breve, era simplesmente o caminho que ele fazia porque tinha de ser feito, porque só nele ele se encontrava, só na procura dela é que ele se descobria.

Estavam novamente juntos, estava novamente completo, e para ter a certeza que não sonhava, não conseguiu impedir um carinhoso beijo nos lábios dela.

1 comentário:

Filipa disse...

Entender estes sentimentos é chegar à impossível compreensão do verdadeiro amor...