2011-09-03

A força do medo


"E que a força do medo que tenho, não me impeça de ver o que anseio…”, é desta forma que começa o belo poema de Oswaldo Montenegro, Metade, são também estas as palavras que surgem a qualquer momento no meu pensamento, como surge mais um dia qualquer; uma semana; um ano.. ou um simples respirar do meu corpo!

Sei bem porque continuam a aparecer!
Apesar de belas, não é essa a razão.. a beleza faz-me sorrir, liberta-me, mas não me prende mais.
(Aprendi que a beleza muda, de acordo com a aprendizagem do meu olhar).

Apesar de fortes, não é essa a razão.. a força das palavras agarram-me, no entanto, libertam-me logo de seguida.. assim que me tocam.
(Também aprendi que a força do que me agarra, tem o limite que o meu ser souber determinar).

Apesar de místicas, não é essa a razão, pois de místico tem a minha vida o suficiente, assim como este mundo, e todos os que nele habitam.
(A misticidade tende a diminuir com o aumento de experiencia de vida).

É o desafio!
É a sensação de comprender a musica mas saber que ainda não a contigo tocar .

É a indecisão da certeza de discernir, se é medo, ou ausência desse sentimento “místico” que de alguma forma existe em todos os mundos, onde não existe o medo, onde só existe a certeza de
“Chegar onde se quer chegar”!

2011-05-09

{ Olá Mendes }


“Olá Mendes”… foram com estas palavras que comecei a falar contigo, como sabes há vários dias atrás, e neste momento talvez saibas melhor que eu porque é que ainda não consegui continuar, mas também não vou estar com questões filosóficas sobre o assunto, pois ambos sabemos o quanto as tuas sobrancelhas franziram sempre que me perdia em divagações

“Hunting High and Low”, já sabes que foi esta a musica que me apeteceu ouvir quando partiste, tentei várias vezes perceber o porque! Acabei por chegar a um consenso com a minha consciência: não tem nada a ver contigo e ao mesmo tempo.. sob um determinado ponto de vista tem tudo a ver contigo, e se conseguires ouvir os meus pensamentos, acredito que estarás a sorrir para mim (como tantas vezes o fizeste), em sinal de “eu entendo-te”!

Como assegurar-te que não serás esquecido? Como assegurar-te que te digo a verdade sabendo tu que não estive tantas vezes a teu lado como “podia” ter estado? A vida não para! Tive outros compromissos! Amanha é outro dia! Eu compenso! Serão estas constatações de mim nesta vida suficientes para ti?

No momento em que partistes, sentir uma saudade imensurável! Dizer-te que são raríssimos os momentos neste mundo que me fazem brotar uma lágrima, e por ti, duas ganharam vida própria e fugiram de mim, perante a minha impossibilidade de as deter! Serão estas constatações de mim nesta vida suficientes para que saibas, o que preciso que saibas?

Acredito que sim, que sabes! Acredito porque sei que conheceste a minha natureza, acredito porque eu conheci a tua! Acredito porque acredito que não te estou a dizer Adeus, mas sim um simples “até já”!

Mendes, estou a ver o teu sorrir e a ouvir a tua voz como se estivesses aqui.. e assim vai continuar!

2011-05-05

Raios

Raios… como é que se gere um tempo de vida em função do tempo de vida que temos disponível?
Dito de outra maneira: como se vive tudo o que desejamos viver, no tempo que nos é disponibilizado para viver?
Dito ainda de outra forma: como aprender a base de tudo o que sabemos que devemos aprender, sabendo que o tempo que nos é concedido para o fazer é muito limitado?
E ainda mais uma: como saber que vamos deixar esta vida, conscientes de que a vivemos.. de acordo com ela.. de acordo connosco?

Já não suponho, já não questiono, já não me faz confusão! Já sei que há pessoas que passam (e passaram) nesta vida sem fazer qualquer uma das questões anteriores, assim como sei que no extremo, há pessoas que só fazem esse tipo de questões!

Hoje só verbalizo… as minhas "eternas" questões, não por precisar de respostas, mas sim por saber que já não estou longe do caminho que me levará até elas!

Nono-11/05/05

2011-03-16

Supernova (I)


Foi assim que começou..
Como a brisa que ele não viu nem sentiu,
Mas que o olhar lhe dizia existir,
Pelo suave balancear das árvores, que naquele instante o rodeavam.

Foi dessa forma que o sentimento continuou..
Sentiu um suave agitar do coração,
Ondas de energia tocavam o areal do seu corpo,
Algo novo percorria as veias do seu espírito.

De uma forma doce, continuou...
Encheu-lhe o pensamento de revelações.
Preencheu-lhe o sorrir com todas as formas de alegria.
Espalhou magia em cada sonho que o acompanhava.

Continuou a preencher até lhe encher a Alma!
Inundou todo o seu pensamento,
Reclamou todas as preces do seu espírito,
Sobrepôs-se à voz da própria alma.

E sem que te se tenha apercebido, começou a Roubar...
Começou por roubar o sorrir,
Seguiu, para lhe roubar os pensamentos,
Continuou esse roubo na essência do seu ser.

Desnorteamento! Foi o que sentiu,
Quando descobriu que a sua direção fora roubada!
E como pouco mais existia para roubar,
Reclamou no final, os resíduos da sua Alma!

E como as estrelas que se esgotaram de energia,
Que começam a declinar sobre o seu próprio peso.
Que diminuem até ficarem invisíveis,
Antes de explodirem e se tornarem Supernovas.

Também ele começou a declinar.
E então soube: o inevitável teria de acontecer.
Tinha de decidir:
Desaparecer lentamente, ou entregar-se ao momento!

Aquela energia Mágica que o alimentou.. transformou-se.
Estava toda ela agora acumulada sob o peso da sua Saudade.
Sentia no peito o peso do crescendo do seu cântico .
Assim como a possibilidade de sucumbir de vez perante ela.

Lentamente, dissipando.
Diariamente, desvanecendo.
Momento a momento, apagando.
Apagava-se.. se deixasse a natureza tomar o seu curso!

Procurou.. o que a natureza não tem!
A força de comandar a sua própria natureza.
A força de mudar os ventos dessa sua natureza.
O poder de moldar o seu universo.

Redescobriu o poder de cometer a loucura que quisesse:
Morrer lentamente,
Ou enfrentar a morte do seu universo,
E sem morrer, renascer, no mesmo corpo na mesma vida.

E sem perder mais um instante,
Usou a força do seu quase inexistente fôlego,
E libertou-se dele próprio,
'Explodindo' numa Supernova...


A dor e a felicidade dependem mais do que tu és,
do que o que te acontece!

2011-03-10

Morte


Eu preciso de sete razões para morrer.
Se não estou inspirado para escrever um poema original
Se não consigo perceber a beleza das baixas colinas
Se os meus olhos evitam as luzes do amanhecer
Se não me sinto provando o gosto de lábios e seios
Se ouço sons estranhos perturbando meus sonhos
Se estou seduzido pelo falso paraíso de alguém
Ou se quero fugir dessa vida insensata
Não hesitaria em escolher a morte.

Eu preciso de sete razões para viver.
Se estou inspirado para escrever um poema original
Se percebo a beleza das baixas colinas
Se eu aprecio as luzes do amanhecer
Se sinto o gosto de lábios e seios
Se nenhum som estranho está perturbando meus sonhos
Se não estou seduzido pelo falso paraíso de alguém
Ou se desejo viver essa vida insensata.

Podem me ver em qualquer lugar, a qualquer tempo.

Eu estou aqui agora.

Não estou em parte alguma.


-Autor: Baatar Galsansukh

2011-03-02

Inevitável


“Cada país tem os politícos que merece”!

De que forma o significado desta frase esta relacionado com a tua vida?
“Nenhuma”.. pois os politícos não a “determinam”. Mas.. de certa forma a resposta “Tudo” também me parece aceitável, pois eles (os políticos) podem “condicionar” toda a tua vida!

Sob um determinado ponto de vista, a motivação existencial de cada um de nós baseia-se em dois simples pólos opostos que potenciam/condicionam a tua vida: "Tu e os Outros".

Qualquer um destes pólos tem o seu grau de complexidade, algo que agora não me apetece abordar, o que neste instante procuro, é o peso do confronto que cada um deles tem na vida de cada um de nós! O que cada um de nós permite que lhe aconteça! O que cada um de nos aceita! O que acontece a cada um de nós, estejamos preparados ou não! O que aprendemos com tudo o que nos acontece! O que cada um de nos vai falar no fim da viagem: do “Eu” ou dos “Outros”!

Todos os dias, sem excepção: me procuro! Todos os momentos que partilho com alguem, sem excepção: procuro perceber! Todos os instantes da minha vida, sem excepção: procuro usa-los para preencher as lacunas deixadas pelos dois pontos anteriores!

Paralelamente a esta senda quase extenuante de procura diária, existe um belo guia, (supostamente) imutável mas com referencias suficientes para esclarecer a maioria das duvidas existenciais suficientemente importantes: esse guia é designado por “História”! Começa pela história de ti próprio, estende-se à história dos teus pais e teus descendestes, prolonga-se com a história de todos aqueles que se cruzam no teu caminho, e propaga-se para o infinito.. a História de todas as histórias que até este momento contribuíram para a história deste mundo!

Quase todos os dias “sem excepção”, encontro nesta história do mundo exemplos de conduta: pensamentos; sentimentos; coragem; força; resilencia; determinação; força.. que comparativamente à minha história me fazem sentir como um “recem nascido”!

“Inevitável”!
Porquê esta palavra: “Inevitável”!?
As razões não são importantes: o que é importante é que sei que vai chegar.. algum dia. E com a mesma certeza vou saber que a atitude que vou tomar vai ser consciente, vou saber se a vou tomar baseada em mim, ou nos outros! Vou saber no instante que acontecer se vou ser um cobarde ou não! Vou saber isso tudo, por saber que os meus olhos não estão fechados, e caso falhe, ignorância é algo que Não poderei apelar em minha defesa, por saber precisamente isso! Que eu sabia!

De todas a s histórias do mundo, esta que deixo aqui é mais uma. Abrange uma pessoa, abrange uma família, os amigos, uma nação, abrange também o mundo, abrange até a ti próprio se não fechares os olhos por assumires que o que se passou aqui, não possa estar a acontecer hoje, de forma diferente em qualquer parte do mundo, incluindo o país onde vives!

Daniel Ellsberg - O homem mais perigoso da America


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