2010-01-29

Conferencia

- E então, para onde vamos agora? Pergunta a alma.

- Eu preciso descansar, vamos dormir. Responde o corpo.

Com voz arrastada a mente fala: - Eu tenho de ir para um sítio onde não precise de pensar mais, o peso de cada pensamento faz estremecer os alicerces dos neurónios que me sustêm, também tenho de parar por uns instantes.

- Eu acompanho-vos. Responde o espírito, que embora esteja sentado nas nuvens a meditar, enquanto por instinto continua a procurar vislumbrar nuvens mais altas, não evita de estar atento a esta pequena conferencia.

(um breve silencio)

- Pois eu… quero continuar! Comenta com firmeza, a alma.

(um silencio prolongado)

- CONTINUAR?! Continuar para onde? Questiona surpreso o resto do grupo em uníssono!

- Continuar, simplesmente continuar, seguir, bem vocês sabem… não parar!

- A alma passou-se! Intervém o corpo, e continua: sugiro que saboreies uma macieira, a ver se te acalmas… se relaxas, pelo menos por uns instantes para que nos deixes descansar um pouco.

- Eu não consigo sentir o aroma da macieira, nem saborear o seu corpo, nem tão pouco aquecer com o seu calor, isso é para ti corpo. A tua macieira não chega aqui onde eu estou! Responde a alma.

- Pensa no cansaço que todos sentimos, pensa na necessidade que todos temos de nos desligar uns dos outros nem que seja por breves momentos para recuperar forças, pensa que todos nós precisamos de nos ausentar para recuperar o equilíbrio. Comenta calmamente, a mente.

- Pensar? Eu não sei o que isso é mente. Isso é para ti que falas a língua do corpo e a do espírito, onde eu estou os teus pensamentos não chegam!

Do alto das nuvens, o espírito dirigisse para cima e apela à alma: minha querida, eu sou o que mais perto estou de ti, e entendo bem que não saibas o que é o cansaço, pois eu raramente estou só. Tenho céus de nuvens.. cada nuvem é o espírito de alguém que me acompanha, tenho mundos de sois, cada sol é o espírito de alguém que eu acompanho. Tal com tu, também não paro, mas hoje também eu preciso, do meu mundo, com o meu sol, com a minha nuvem.

- Mundos? Meu querido espírito, eu não sei o são! Onde estou não existem mundos, nem sois, nem nuvens, nem tempo, nem cansaço… Aqui onde estou existes tu com todos os teus ditos mundos, todas as energias de todos os pensamentos, todo calor de todos os corpos… Aqui onde estou existe a essência de todos vós, mas…

(... mas o corpo por agora venceu... vou dormitar, a alma fica aqui à espera.. )

2010-01-27

Madalena

Talvez seja o ritmo..
Que parece dar voz ao bater de coração.
Que me leva a crer que todos os momentos do meu dia,
Têm significado.

Talvez seja "essa voz"..
Que parece gritar a força do que sinto.
Que me leva a crer que todos os sentimentos do meu dia,
Têm significado.

Talvez seja a humildade dessas palavras..
Que parecem dar vida ao que não sei dizer.
Que me leva a crer que tudo o que falo, tudo o que calo,
Tem significado.

Talvez seja a força dessas mesmas palavras..
Que exigem o que nunca quis exigir.
Que me leva a crer que esta minha forma de ser,
Tem um significado.

Talvez pudesse ser o apelo a Jesus,
A pedir Perdão!
Mas..
Cristo não espera que lhe peça perdão por "estar vivo".

Talvez seja,
Porque dispensa qualquer explicação,
Qualquer porquê,
Simplesmente, toca-me na alma!




Madalena (Segundo Acto - Tema interpretado por Amália Rodrigues)

Letra de Frei Hermano da Câmara


Eu soube, num sonho, que aí com Simão
Jantáveis, ó Cristo, de faces radiosas
E trago-vos bálsamos, trago-vos de rosas
E trago mil beijos de límpida unção...
Deixai que estas lágrimas tão dolorosas
Vos verta nos pés que iluminam o chão,
Esses pés de marfim,
Que me enchem de santa e fremente paixão,
E lembram as bases do meigo jasmim!...

Quero o eterno amor, quero o eterno amor, um amor sem vergonha,
Sem trave e sem fim, sem trave e sem fim...
Jesus Nazareno, meu sol, meu Senhor, Jesus Nazareno, meu sol, meu Senhor...

Ó Cristo e deixai que esses pés vos alague,
De prantos assim!...
Talvez que este choro os meus crimes apague,
Talvez que esta dor meus remorsos esmague,
Talvez que esta angústia me faça um jardim!

Que eu chore, que eu gema,
Numa dor sem fim,
Aos pés de quem fez da virtude um poema, da virtude um poema!
Deixai que eu enxugue com estes cabelos
Os pés já banhados por dor tão suprema,
E bálsamos verta, talvez porque tema
Que os prantos vos firam os pés com seus gelos,
Com sua postema
E amarga paixão,
Ó Cristo, Ó vidente de meigos anelos,
Jesus Nazareno o perdão e perdão, Jesus Nazareno o perdão e perdão!

You're the Voice's



We have
The chance to turn the pages over
We can write what we want to write
We gotta make ends meet before we get much older
We're all someone's daughter
We're all someone's son
How long can we look at each other
Down the barrel of a gun?

You're the voice try and understand it
Make a noise and make it clear
Whoa oh oh
We're not gonna sit in silence
We're not gonna live in fear
Whoa oh oh

This time
We know we all can stand together
We have the power to be powerful
Believing we can make it better

We're all someone's daughter
We're all someone's son
How long can we look at each other
Down the barrel of a gun?

You're the voice try and understand it
Make a noise and make it clear
Whoa oh oh
We're not gonna sit in silence
We're not gonna live in fear
Whoa oh oh

2010-01-21

House T3. Ep.12

"Time changes nothing. Doing things changes things. Doing nothing leaves things exactly the way they were."

-House, M.D.

2010-01-20

Invictus

Out of the night that covers me,
Black as the Pit from pole to pole,
I thank whatever gods may be
For my unconquerable soul.

In the fell clutch of circumstance
I have not winced nor cried aloud.
Under the bludgeonings of chance
My head is bloody, but unbowed.

Beyond this place of wrath and tears
Looms but the Horror of the shade,
And yet the menace of the years
Finds, and shall find, me unafraid.

It matters not how strait the gate,
How charged with punishments the scroll,
I am the master of my fate;
I am the captain of my soul.

-William E Henley


Do fundo desta noite que persiste
A me envolver em breu - eterno e espesso,
A qualquer deus - se algum acaso existe,
Por mi’alma insubjugável agradeço.

Nas garras do destino e seus estragos,
Sob os golpes que o acaso atira e acerta,
Nunca me lamentei - e ainda trago
Minha cabeça - embora em sangue - ereta.

Além deste oceano de lamúria,
Somente o Horror das trevas se divisa;
Porém o tempo, a consumir-se em fúria,
Não me amedronta, nem me martiriza.

Por ser estreita a senda - eu não declino,
Nem por pesada a mão que o mundo espalma;
Eu sou dono e senhor de meu destino;
Eu sou o comandante de minha alma.

-Tradução de André C S Masini