2009-12-31

40 Horas..

Passam poucos minutos das 40 horas, das 40 horas que decorreram desde de que o meu corpo deixou pela última vez aquele estado de graça onde as forças são recuperadas e o equilíbrio físico restabelecido, sim, esse estado que é comummente designado por: dormir.

É o último dia deste ano, e uma vez mais já estou atrasado para o meu último dormir deste ciclo que se aproxima do fim, também este último estado de latência vai ter que ser rápido, aliás como parecem todos desde de algum qualquer ano que já passou.

Revejo a velocidade com que passaram estas ultimas 40 horas, e inconscientemente estou a rever a rapidez com que passou este ultimo ano, este ano em que senti que iria ser “diferente”, “especial” e que de facto foi, e ao mesmo tempo pergunto-me se outras pessoas têm este sentir, esta certeza de que algo de importante vai acontecer, algo que fará de alguma forma mudar alguma coisa na rotina diária, no tradicional, na forma de viver, de sentir, de procurar, de estar, até no respirar. Pergunto-me se é o facto de sentir “isso” antecipadamente que faz com que as respostas venham até nós, ou se somos nós que as descobrimos porque sentimos que as iríamos encontrar. Confuso? É provável, pois não parece existir grande diferença, mas na verdade existe, talvez não no destino, mas sim no caminho. Seja como for, suponho que este ano vou comprovar esta pseudo-teoria, pois novamente sinto que este ano que vem, também será de alguma forma “diferente”!

E de onde vem esta “certeza”, este “sentir”? Talvez da força do querer de ter esta certeza, de querer esse sentir, pois quando não de mim que vem, vem da inspiração que a historia uma vez mais me relembra ao falar-me de todos os heróis e heroínas que passaram neste mundo. Não quero com isto dizer que não conheço alguns, na verdade conheço muitos(as), mas como estou aqui a partilhar as suas vidas, torna-se por vezes mais difícil para mim descobri-los(as) em todos os seus pequenos actos banais mas com heroísmo que realizam um pouco todos os dias. Estranho, como heróis que já viveram parecem por vezes mais fáceis de encontrar, quando tenho tantos que fisicamente tocam a minha mão, com ternura me mostram o seu sorriso, com carinho me fazem sentir o calor do seu abraço!

A todos estes que me deixam ouvir a sua voz, dedico uma frase de Etty Hillesum (uma heroína do passado) que chegou até mim por uma heroína (do presente):
Vou ajudar-te Deus, a não me abandonares”.

2009-12-17

Destruição

Que o homem pode destruir a vida é tão milagroso como a façanha de ele a poder criar, pois a vida é o milagre, o inexplicável. No ato de destruição, o homem coloca-se acima da vida, ele transcende a si mesmo como uma criatura. Assim, a melhor escolha para um homem, na medida em que ele é levado a transcender a si mesmo, é criar ou destruir, amar ou odiar.


That man can destroy life is just as miraculous a feat as that he can create it, for life is the miracle, the inexplicable. In the act of destruction, man sets himself above life; he transcends himself as a creature. Thus, the ultimate choice for a man, inasmuch as he is driven to transcend himself, is to create or to destroy, to love or to hate.

- Erich Fromm