2009-07-20

Pensamento

Diz-me quem amas, dir-te-ei quem és...

4 comentários:

Anónimo disse...

Tricky sentence...

Se eu amar um santo serei santa? Se eu amar um criminoso serei criminosa? Se eu amar um preguiçoso serei preguiçosa? etc etc

Tricky...

CC disse...

John Blanchard levantou do banco, endireitando a jaqueta de seu uniforme e observou as pessoas fazendo seu caminho através da Grand Central Station. Ele procurou pela garota cujo coração ele conhecia mas o rosto não; a garota com a rosa.

Seu interesse por ela havia começado trinta meses antes, numa livraria de Florida.

Tirando um livro da prateleira, ele se pegou intrigado, não com as palavras do livro, mas com as notas feitas a lápis nas margens.

A escrita suave reflectia uma alma profunda e uma mente cheia de brilho.

Na frente do livro, ele descobriu o nome do primeiro proprietário: Srta. Hollis Maynell.

Com tempo e esforço ele localizou seu endereço. Ela vivia em New York City.

Ele escreveu a ela uma carta, apresentando-se e convidando-a a corresponder-se com ele. Na semana seguinte ele embarcou num navio para servir na II Guerra Mundial.

Durante o ano seguinte, mês a mês eles desenvolveram o conhecimento um do outro através de suas cartas. Cada carta era uma semente caindo num coração fértil. Um romance de companheirismo. Blanchard pediu uma fotografia, mas ela recusou.

Ela sentia que se ele realmente se importasse com ela, não importaria como ela era, ou sua aparência.

Quando finalmente chegou o dia em que ele retornou da Europa, eles marcaram seu primeiro encontro - 7: 00 Da noite na Grand Central Station em New York.

"Você me reconhecera", ela escreveu, "pela rosa vermelha que estarei usando na lapela".

Então, as 7: 00 Ele estava na estação, procurando por uma garota cujo coração ele amava, mas cuja face ele nunca havia visto.

Vou deixar o Sr. Blanchard dizer-lhe o que aconteceu:

"Uma jovem aproximou-se de mim. Sua figura era alta e magra. Seus cabelos loiros caíam delicadamente sobre os seus ombros, seus olhos eram verdes como água. Sua boca era pequena e seus lábios carnudos, e seu queixo tinha uma firmeza delicada. Seu traje verde pálido era como se a primavera tivesse chegado. Eu me dirigi a ela, inteiramente esquecido de perceber que ela não esta usando uma rosa. Como eu me movi em sua direcção, um pequeno e provocativo sorriso, curvou seus lábios.

"Indo pró mesmo lugar que eu marinheiro? ", Ela murmurou.

Quase incontrolavelmente dei um passo pra junto dela, e então eu vi Hollis Maynell.

Ela estava parada quase que exactamente atrás da garota. Uma mulher já passada dos 50 anos, ela tinha seus cabelos grisalhos enrolados num coque sobre um chapéu gasto.

Ela era mais que gorducha, seus pés compactos confiavam em sapatos de saltos baixos. A garota de verde seguiu seu caminho rapidamente.

Eu me senti como se tivesse sido dividido em dois, tão forte era meu desejo de segui-la e tão profunda era o desejo por aquela mulher cujo espírito verdadeiramente me acompanhara e me sustentara através de todos as minhas atribulações.

E então ela parou. Sua face pálida e gorducha era delicada e sensível, seus olhos cinzas tinham um calor e simpatia cintilantes. Eu não hesitei.

Meus dedos seguraram a pequena e gasta capa de couro azul do livro que a identificou para mim. Isto podia não ser amor, mas poderia ser algo precioso, talvez mais que amor, uma amizade pela qual eu seria para sempre cheio de gratidão.

Eu inclinei meus ombros, cumprimentei-a mostrando o livro para ela, ainda pensando, enquanto falava, na amargura do meu desapontamento.

"Sou o Tenente John Blanchard, e você deve ser a Srta. Maynell.

Estou muito feliz que tenha podido me encontrar, Posso lhe oferecer um jantar? "

CC disse...

O rosto da mulher abriu-se num tolerante sorriso.

"Eu não sei o que está acontecendo", ela respondeu, "aquela jovem de vestido verde que acabou de passar me pediu para colocar esta rosa no casaco. E ela disse que se você me convidasse pra jantar, eu deveria lhe dizer que ela está esperando por você no restaurante da esquina. E ela disse que isso era um tipo de Teste! "

Não parece difícil, pra mim, compreender e admirar a sabedoria da Srta. Maynell. A verdadeira natureza do coração de uma pessoa é vista na maneira como ela responde ao que não é atraente.

"Diz-me quem amas, e eu te direi quem és. "

"A beleza de uma mulher pode despertar a paixão de um homem, mas só a atitude é capaz de mantê-la. "

Anónimo disse...

"Isto podia não ser amor, mas poderia ser algo precioso, talvez mais que amor, uma AMIZADE pela qual eu seria para sempre cheio de gratidão.

Eu inclinei meus ombros, cumprimentei-a mostrando o livro para ela, ainda pensando, enquanto falava, na AMARGURA do meu DESAPONTAMENTO."

É fácil dizer que se ama apenas o coração (há muitos corações bonitos neste mundo, graças a Deus). Contudo, ama-se a totalidade. O tenente Blanchard reconhece que ficou desapontado, amargurado... isto não quererá dizer que também ele não consegue amar apenas o coração?
Para mim, ele falhou o teste. Teria de desejar amar, com a mesma intensidade, aquela gorducha de 50 anos como aquela jovem esbelta de 20. Só assim passaria o teste. Mas não. Ele é uma pessoa com valores e por isso comprometeu-se com aquela mulher, só por isso "tentou" esquecer a outra que o fascinou. Mas ele reconhece que não seria capaz de paixão ou amor (completo, na totalidade)pela gorducha; ele refere que se sentirá feliz com "uma amizade pela qual eu seria para sempre cheio de gratidão." Uma amizade. Não amor. Claro k a amizade é uma espécie de amor e este tipo de amor/amizade eu e tu sentimos por MUITAS pessoas. Mas todos sabemos que não é a mesma coisa!...

Conclusão: "diz-me quem amas, dir-te-ei quem és" é uma falácia.
Discordo totalmente.

Uma última observação: todos nós queríamos amar apenas o coração das pessoas. Queríamos ser imunes ao físico, ao aspecto. Queríamos passar por uma boazona na rua e não reparar nela, ou num homem físicamente perfeito e não revirar os olhos e lançar um suspiro para o ar. Todos nós gostaríamos de não valorizar a imagem. Infelizmente o que acontece é que as pessoas não são perfeitas, nem física nem psicologicamente. Assim, acabamos por ficar com quem calha e suspiramos pelos homens/mulheres de sonho (em todos os aspectos).

Por tudo isto é que é muito mais fácil amar à distãncia(por carta,como este tenente da história, email ou msn, de forma mais moderna). O coração dispara, ficamos nas nuvens... porém, quando confrontados com o plano físico, com a pele, com o dia-a-dia, isso é uma outra conversa...

Para que o amor resulte, o coração e o físico têm de fazer match...

E será para sempre assim, até ao fim dos tempos...
Só ama o Shreck uma Fiona, ou seja, uma espécie de Shcreck também!

K.