2009-07-03

A jarra e a garrafa


Pego na jarra que contem a água que sobrou do jantar, preparo-me para a passar para uma garrafa para a levar comigo. Com a outra mão seguro a garrafa e com os braços suspensos faço dirigir a água da jarra para a garrafa. A abertura da jarra é pequena e muito lentamente a água desliza para o seu novo destino que se encontra dentro da garrafa.

“Isto vai demorar uma eternidade”, penso para mim enquanto assisto ao vagaroso deslize das gotas.

O olhar continua concentrado no pequeno fio de água que passa de um invólucro para o outro, da mesma forma que o meu pensamento também o faz: “Quando encho a garrafa da torneira tudo acontece muito rapidamente… esta lentidão está a fazer-me perder a paciência, tenho coisas mais importantes para fazer, e estar a olhar para água a arrastar-se não é uma delas”!

Quando estou prestes a desistir, reparo que a jarra já esta quase vazia, se aguentar um pouco mais terei conseguido chegar ao fim. É então que ao deslizar das últimas gotas percebo a importância daquele simples momento, é o facto de estar parado com os braços suspensos no ar que está a permitir o movimento da água, e então descubro como por vezes o agir é ficar imóvel, é saber esperar, que as gotas da vida cheguem ao seu destino.

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